quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Festival Europeu do Pão - Ravenna 08

A bela cidade de Ravenna (Itália) foi, durante os dias 3, 4 e 5 de Outubro, palco para mais uma edição do Festival Europeu do Pão. Durante 3 dias, 8 equipas de padeiros e pasteleiros de vários países da Europa – Portugal, Espanha, França, Itália, Irlanda, Bósnia-Herzegovina, Roménia e Alemanha – confeccionaram ao vivo os seus pães e doces mais típicos.

Os vários países presentes, para além de confeccionarem e apresentarem aos visitantes os seus pães típicos, participaram também num concurso de pão artístico, como já é hábito do Festival, e também numa nova competição: Pão Pela Paz, onde as delegações foram desafiadas a conceber um pão diferente, que pelo seu conceito, ingredientes e apresentação, simbolizasse a união e a paz entre os povos. Portugal levou até aos italianos os sabores da “Broa de Milho e Centeio”, típica do Norte do país, da “Bôla de Sardinha”, do “Folar Transmontano”, do “Pão pela Paz” (com direito a pulseirinha e doação para a UNICEF), dos “Pasteis de Nata”, do “Bolo Rei” e da “Fogaça” de Santa Maria da Feira.

Os ingredientes certos estavam presentes - matérias-primas de qualidade, vontade de trabalhar e de mostrar as coisas boas de Portugal e uma equipa fantástica: Jorge Neves (formador do CFPSA, responsável por tantas obras de arte em pão), António Faria e Américo Crispim (Técnicos de Panificação), Vitorino … (Industrial de Panificação), Albino Dias de Oliveira (Industrial de panificação e timoneiro da equipa de vendas!), Horácio Castro (Industrial de Panificação e chefe da equipa de fabrico), Graça Nogueira (Directora de Serviços extraordinaire da AIPAN)e Lisete Alves (sim, eu, que fiquei muito honrada de também fazer parte da equipa!) (equipa de venda) e António Fontes (Industrial de Panificação, Presidente da AIPAN e “Big Boss” da equipa!). Todos a trabalhar a 500 à hora para conseguir dar vazão aos pedidos do público! O stand português foi sem dúvida o mais bem decorado, o mais simpático e o mais apetitoso, o que explica o facto de ter sido o preferido do público! A concurso entre as delegações, a peça artística portuguesa foi o Mosteiro de Santa Clara, que apesar de não ter sido a vencedora foi claramente a mais bela e mais trabalhosa, no entanto ganhou a França com o seu boneco.

Este evento, ideia original dos artesãos de panificação de Brantôme (França) e que conta já com alguns anos de realização, tem sido levado a cabo em França e em Itália alternadamente, conseguiu reunir 140 mil visitantes nos 3 dias de Festival. Portugal teve a honra de ter sido anfitrião deste Festival em 2007, no Porto e pela mão da AIPAN (Associação dos Industriais de Panificação, Pastelaria e Similares do Norte) e no qual eu muito me orgulho de ter participado, como parte da organização. Em 2007, “conseguimos causar o caos” na cidade Invicta, reunindo 800 mil visitantes nos 3 dias do evento numa edição que foi a maior de sempre! Foi sem dúvida a edição com mais visitantes, maior nº de países presentes (9 equipas), e as mais belas obras de arte em pão a concurso, onde ganhou a peça Portuguesa, a “Torre dos Clérigos”, vitória com mérito!

A próxima edição do Festival será em 2009 em Perigueux (França), onde certamente Portugal estará presente mais uma vez com os seus sabores.

De Ravenna trouxemos um pouco de pena de não termos tido tempo de conhecer a cidade que dizem ser belíssima com os seus famosos mosaicos, e um pouco de tristeza por não termos pago excesso de bagagem pela merecida taça pela peça artística lindíssima que foi a concurso! Mas trouxemos, ACIMA de TUDO, a sensação de dever cumprido, no que toca a dar a conhecer o que é bom em Portugal – o pão, os doces, o belo do vinho do Porto, e as pessoas com os seus talentos, criatividade, arte, capacidade de trabalho e simpatia!

A presença Portuguesa brilhou, como sempre, pela Excelência!

Baci a tutti!




segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Curso TRABALHOS EM PÃO

Formação para profissionais qualificados que pretendam aprender a fazer peças decorativas, artísticas com massa de pão, ministrada pelo formador Jorge Neves, galardoado em várias competições internacionais.


Duração do curso: 50 horas

Início 17/10/2008 - Fim 31/10/2008

Horário: 16h30 às 21h30

Custo: 100€ (os associados da AIPAN tem 20% de desconto)


sexta-feira, 3 de outubro de 2008

"O Valor da Cidadania"

O que é a cidadania?

… pensamentos por ANTÓNIO PINTO*…

Preâmbulo…

Antes de dizer algo penitencio-me desde logo pela ousadia de tentar explicar o que é a cidadania. Nunca fui, não sou nem virei a ser um “cidagogo” por analogia ao pedagogo. Simplesmente compete-me tentar desenvolver nos adultos que por meus caminhos se cruzam, algumas ferramentas/instrumentos -hoje em dia prefere falar-se em competências- que lhes permitam desenvolver conhecimentos, capacidades, atitudes, valores que lhes possibilitem ter um papel activo, informado e consciente enquanto cidadãos.

Ser cidadão implica ser responsável, implica participar activamente na vida pública, desempenhar um papel valioso quer a nível familiar, quer no círculo de amigos, quer a nível profissional ou até numa dimensão social mais ampla, como uma comunidade, uma região, um país … a aldeia global.

Qual a minha ambição enquanto formador desta área? O exercício pleno de direitos e deveres não se compadece com passividade, com desinformação, com desinteresse por tudo e todos. Parto da convicção plena de que se formos cidadãos activos, informados, interessados estaremos munidos das ferramentas que nos irão ajudar a sobreviver e a desempenhar um papel relevante perante os que nos rodeiam.

Faz sentido a educação para a cidadania com adultos? A Cidadania não é uma espécie de “medicamento que se toma e já está”! A cidadania exerce-se, sobretudo, ao longo da vida, requer sucessivas aprendizagens, sucessivos reajustes, diversas inversões … tarefas complexas para serem delimitadas num pequeno espaço de tempo. A aprendizagem ao longo da vida é sobretudo um exercício de cidadania, é um jogo de “in” e “out”, numa espiral complexa que se vai traduzir em nós numa evolução enquanto pessoas.

Nesta época tão complexa em que os valores parecem estar em segundo plano faz sentido trabalhar a cidadania? Mais do que nunca! O facto dos cidadãos crescerem, tornarem-se responsáveis, activos, informados, faz com que o sentimento tão pouco democrático que reina, possa ir resvalando e aos poucos desaparecendo. E precisamente nas épocas mais conturbadas que mais precisamos de sorrisos amáveis. Sim porque ser cidadão é ser optimista, é ser dourado em vez de cinzento, é puxar para cima quando todos procuram descer, é ir contra a corrente, ou deixar-se levar por ela, é decisão! Só que para se tomar decisões complexas é preciso estar informado, ser activo, ser responsável … ser CIDADÃO!

Como se aprende cidadania? A cidadania não se aprende, exerce-se! É através da interacção, do debate de ideias, da crítica do aprender a aprender que ela se cultiva. É no convívio, no diálogo, na acção … que nos tornamos cidadãos!

Que dimensões podem ser trabalhadas em Cidadania? Todas! Tudo que diga respeito à vivência das pessoas, aos seus sentimentos, problemas, preocupações, à sua moral … pode ser a metodologia de apoio para uma estratégia de desenvolvimento de cidadania.

Como se avalia a cidadania? Deve ser assente, mais do que qualquer outra questão, em princípios de auto-avaliação, auto-análise, auto-reflexão. Não se pode avaliar numa lógica política de verificação do Valor Acrescentado (“…eras 15% cidadão, mas agora evoluíste e já és 40%. Parabéns!”. A linguagem dos números não se aplica às pessoas e aos seus valores.

Qual a minha missão enquanto formador de Cidadania? Se calhar a questão deveria ser: “Qual o meu papel enquanto catalisador de cidadania?” A resposta é complexa e resume-se uma frase célebre:

“fica sempre um pouco de perfume nas mãos de quem oferece flores!”

*António Pinto
(Formador de Cidadania e Empregabilidade – com muito gosto- no Curso EFA B3 de Pastelaria/Panificação do CFPSA-Porto).