… pensamentos por ANTÓNIO PINTO*…
Preâmbulo…
Antes de dizer algo penitencio-me desde logo pela ousadia de tentar explicar o que é a cidadania. Nunca fui, não sou nem virei a ser um “cidagogo” por analogia ao pedagogo. Simplesmente compete-me tentar desenvolver nos adultos que por meus caminhos se cruzam, algumas ferramentas/instrumentos -hoje em dia prefere falar-se em competências- que lhes permitam desenvolver conhecimentos, capacidades, atitudes, valores que lhes possibilitem ter um papel activo, informado e consciente enquanto cidadãos.
Ser cidadão implica ser responsável, implica participar activamente na vida pública, desempenhar um papel valioso quer a nível familiar, quer no círculo de amigos, quer a nível profissional ou até numa dimensão social mais ampla, como uma comunidade, uma região, um país … a aldeia global.
Qual a minha ambição enquanto formador desta área? O exercício pleno de direitos e deveres não se compadece com passividade, com desinformação, com desinteresse por tudo e todos. Parto da convicção plena de que se formos cidadãos activos, informados, interessados estaremos munidos das ferramentas que nos irão ajudar a sobreviver e a desempenhar um papel relevante perante os que nos rodeiam.
Faz sentido a educação para a cidadania com adultos? A Cidadania não é uma espécie de “medicamento que se toma e já está”! A cidadania exerce-se, sobretudo, ao longo da vida, requer sucessivas aprendizagens, sucessivos reajustes, diversas inversões … tarefas complexas para serem delimitadas num pequeno espaço de tempo. A aprendizagem ao longo da vida é sobretudo um exercício de cidadania, é um jogo de “in” e “out”, numa espiral complexa que se vai traduzir em nós numa evolução enquanto pessoas.
Nesta época tão complexa em que os valores parecem estar em segundo plano faz sentido trabalhar a cidadania? Mais do que nunca! O facto dos cidadãos crescerem, tornarem-se responsáveis, activos, informados, faz com que o sentimento tão pouco democrático que reina, possa ir resvalando e aos poucos desaparecendo. E precisamente nas épocas mais conturbadas que mais precisamos de sorrisos amáveis. Sim porque ser cidadão é ser optimista, é ser dourado em vez de cinzento, é puxar para cima quando todos procuram descer, é ir contra a corrente, ou deixar-se levar por ela, é decisão! Só que para se tomar decisões complexas é preciso estar informado, ser activo, ser responsável … ser CIDADÃO!
Como se aprende cidadania? A cidadania não se aprende, exerce-se! É através da interacção, do debate de ideias, da crítica do aprender a aprender que ela se cultiva. É no convívio, no diálogo, na acção … que nos tornamos cidadãos!
Que dimensões podem ser trabalhadas em Cidadania? Todas! Tudo que diga respeito à vivência das pessoas, aos seus sentimentos, problemas, preocupações, à sua moral … pode ser a metodologia de apoio para uma estratégia de desenvolvimento de cidadania.
Como se avalia a cidadania? Deve ser assente, mais do que qualquer outra questão, em princípios de auto-avaliação, auto-análise, auto-reflexão. Não se pode avaliar numa lógica política de verificação do Valor Acrescentado (“…eras 15% cidadão, mas agora evoluíste e já és 40%. Parabéns!”. A linguagem dos números não se aplica às pessoas e aos seus valores.
Qual a minha missão enquanto formador de Cidadania? Se calhar a questão deveria ser: “Qual o meu papel enquanto catalisador de cidadania?” A resposta é complexa e resume-se uma frase célebre:
“fica sempre um pouco de perfume nas mãos de quem oferece flores!”
*António Pinto
(Formador de Cidadania e Empregabilidade – com muito gosto- no Curso EFA B3 de Pastelaria/Panificação do CFPSA-Porto).
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